Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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418. Beijo com Vontade ou de vontade, sempre um beijo à vontade. Desejado, intenso, muitas vezes cuidadosamente planeado, mas com conteúdo, recheado de intensões vibrantes provindas dos dois afluentes dominantes do ser: o coração e o sexo. É um beijo consentido e muitas vezes, se bem sincronizado, mútuo. Porém, demonstra urgência na ação, como se existisse já um longo atraso no trajeto da sua concretização. Como se a demora doesse realmente. Beijo com vontade porque o ser tem quereres que o ego desconhece.
99. Beijo Digno, aquele que nasce sempre que existe consentimento, verdade, sentimento, razão de ser, atração biunívoca, concordância, harmonia, vontade e querer. Um beijo que implica total respeito entre os intervenientes, porém, e pese embora que neste sentido lato possam existir imensos beijos enquadráveis na categoria, o beijo digno é, por excelência, um beijo vindo do cerne de quem beija e dado no âmago de quem o recebe. Tem o entusiasmo da primeira vez, nem que seja a milésima ocasião em que se entrega. Normalmente, segue a via inequívoca do amor, e, ao lado deste, é capaz de partilhar toda uma existência sem vacilar.
92. Beijo Delicado, qual flor de estufa que não pode ser tratada de qualquer maneira. A fragilidade aqui obriga a extremos e ariscados cuidados de assistência quase que permanente. Tudo isto porque existe o periclito de poder ser rejeitado de forma abrupta, e com alguma aspereza, pela menina, senhora ou dama a quem o beijo se destinava pelos desígnios da nossa escolha e vontade. Para chegar a bom porto este ato terá de levar com ele o charme do concessor, arrebatando no romantismo do enlaço a força, o dinamismo e a energia positiva do ambiente para tentar levar de vencida a resistência feminina que poderia levar a uma possível rejeição. Depois, por fim, dissipadas as dúvidas, aplica-se paixão e beija-se com alma.
87. Beijo Cúmplice, inventado pelo querer de dois seres que o realizam por desejo, vontade e paixão simultânea. Este é um beijo que ganha asas na privacidade das alcovas, protegido por esses refúgios pouco iluminados onde a sensualidade invade as sombras e os rasgos de luz dopam as mentes, apuram os sentidos, exaltam os sentimentos num universo de prazer tornado tátil por mãos, corpos e lábios que se envolvem em exercícios viciantes, de lancinante loucura sã, que só terminam por rendição das partes bem depois da unificação de um todo feito a dois. Beijo de cumplicidade, parente rico do amor, alma gémea da felicidade.
35. Beijo Artístico, onde a forma e o enquadramento ganham vida envolvidos em vários detalhes tais como a humidade dos lábios, o calor da pele da recetora, o luxo gasto no tempo para o preparar, os odores suaves sentidos na afinidade dos Phs, o ambiente pormenorizadamente criado envolvendo a escolha do local, a luz do dia, as fragrâncias selecionadas de maneira a inebriar o meio, o vestuário usado disfarçando detalhes menos convidativos, a exclusividade da escolha, a arte de transmitir o sorriso bem-disposto de uma amizade com futuro, de um conhecimento que se inicia, de uma partilha que se deseja, de um sonho que se quer sentir real, vivido e alcançado. Toda esta preparação requer vontade, desejo, sinceridade e empatia, não apenas de quem oferece o beijo como, principalmente, de quem o acolhe. No final está tudo no que ambos os olhares disserem nesse instante em que as almas não sabem mentir…