Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
(Cabo Verde, Ilha do Sal, Beira Mar em Odjo d'Água - VI - Foto de autor, direitos reservados)
Registros da Memória
V
Beira Mar em Odjo d’Água
De dia, vista de um dos patamares do Resort Hoteleiro de Odjo d’Água, a praia esconde a mística que se vislumbra em noites de Lua Nova. Aliás, o pequeno cabo em arco, relembra mais um recanto do paraíso do que qualquer coisa que nos reporte aos mistérios ancestrais destas ilhas africanas de Cabo Verde, das quais Santa Maria é apenas mais um delicioso exemplo. Até os telhados ornados em tons lilases das buganvílias nos parecem transportar para um recanto do paraíso, dedicado à adoração dos deuses do Sol e do Oceano.
Na verdade, o pequeno Resort Hoteleiro de Odjo d’Água, nascido das ruínas ancestrais do velho Farol de Vera Cruz, pelas mãos de um empresário autóctone, de seu nome Patone Lobo, tem por missão transpirar, para quem o visita ou nele se aloja, o esplendor da cultura africana e cabo-verdiana, com temáticas alusivas em cada quarto, no bar, no restaurante, nas esplanadas e até mesmo junto à praia. Feito em socalcos sobre o promontório, a fonte que dá origem ao nome de Olho de Água, tem uma singela dama de branco na frente de um enorme pote de barro, de onde brota infinita uma cristalina água sempre corrente.
(Cabo Verde, Ilha do Sal, Praia de Santa Maria - III - Foto de autor, direitos reservados)
Registos da Memória III
Manhã de Azul e Pérola
Poder ver um mar com cinco tons de azul bem junto à pálida areia de uma praia, languidamente banhada por um Atlântico, rendido à ilha que o acolhe com a ternura de uma criança pelo dormir da sesta, é saber que existe pureza e milagre em cada grão de areia, em cada gota salgada tingida de anil, bordada de espuma à beira mar.
A brisa é fraca na areia e apenas nos dá movimento ao cabelo para nos refrescar a pele tisnada de um Sol de 32 graus, na sombra dos coqueiros. Porém, chegada ao mar, sopra um pouco mais, fazendo agitar as velas das pranchas e ondular de embalo os veleiros mais ao fundo. A água é tépida, cristalina e deixa antever, pelo desfile dos peixes que nos cumprimentam os dedos dos pés, que a pesca será boa naquela manhã de azul e pérola.
(Cabo Verde, Ilha do Sal, Praia de Santa Maria - II - Junto ao Moinho - Foto de autor, direitos reservados)
Registos da Memória II
A Noite Purpura
"A Noite Purpura" foi outra das singularidades que encontrei na Praia de Santa Maria, nunca tinha visto uma noite assim. Parecia saída de um filme de suspense, pronta para nos apresentar um ato fantasmagórico ou uma sequência de um filme de terror. A fotografia foi tirada sem efeitos de exposição, sem filtros, diretamente de uma Nikon de baixa gama. Por vezes a realidade tem destas coisas e poupa-nos os efeitos especiais. Quanto aos fantasmas se os havia, mantiveram o silêncio à minha passagem. Eu agradeci.
Nos "Registos da Memória", da minha memória, ficam gravados estes momentos em imagem, para que não mais os possa esquecer. São situações únicas que se vivem uma vez e que jamais se repetem.
(Cabo Verde, Ilha do Sal, Praia de Santa Maria - I - Foto de autor, direitos reservados)
Registos da Memória I
O Pôr-do-sol Platinado
Um pôr-do-sol prateado que me ficou gravado na alma numa das minhas passagens por Cabo-verde. Na realidade, nesse dia, na fantástica Ilha do Sal, ali, na Praia de Santa Maria, o Sol baixou em tons de prata platinada, bem diferente do ouro de outros dias. Veio dizer que existia, nas margens de um Atlântico fascinante.
"Uma imagem para os poetas..." é o que me lembro de ter pensado no momento de tirar a fotografia para os meus Registos da Memória. Durante todos os outros 13 dias ali passados nunca mais o Sol se pôs de prateado. A exceção e a singularidade fizeram a singela e única beleza do momento.
Nas memórias do meu passado, numa ida a um concurso de televisão, na altura apresentado por Manuela Moura Guedes, o meu espanto não foi provocado pelo nervosismo de estar na televisão, nem pelo cenário envolvente, nem mesmo pelas câmaras ou pela novidade, efetivamente a única coisa que me fez ficar perplexo foi o ar plástico da apresentadora. Isso sim, foi algo que me ficou gravado na memória.
Por vezes, a nossa preocupação com a aparência é tal que nos leva a transformações que fazem de nós apenas uma grotesca caricatura daquilo que já fomos. Não critico quem quer parecer o que já não é, mas deveria haver uma maneira de nos fazer despertar para a realidade.